Mérito
Para valorizar a mulher e a pesquisa
Professora e pesquisadora da UFPel é uma das sete vencedoras do prêmio Mulheres na Ciência
Carlos Queiroz -
Por sua pesquisa para promover qualidade de vida para pacientes idosos em tratamento oncológico, a professora e pesquisadora Ethel Antunes Wilhelm, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foi reconhecida como uma das sete vencedoras do prêmio nacional Mulheres na Ciência. A honraria, oferecida em conjunto pela L’Oreal Brasil, a Unesco e a Academia Brasileira de Ciências, tem o intuito de valorizar o papel feminino no meio científico. A bolsa da premiação é no valor de R$ 50 mil.
Ethel é natural de Rolador, na região Nordeste do Estado. Com apenas 31 anos, é graduada em Química, além de mestre e doutora em Bioquímica, tudo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Em 2013, os caminhos da ciência a trouxeram à UFPel, onde - em 2015 - começou efetivamente seu laboratório no Campus Capão do Leão. Com início repleto de dificuldades, como falta de verbas e estruturas, o projeto nasceu devagar, mas apresentando resultados promissores rapidamente. Nele, o objetivo é entender o papel do envelhecimento e das proteínas antioxidantes na neuropatia causada pelos quimioterápicos. Em outras palavras, investigar se idosos sentem mais dores nas extremidades durante os tratamentos quimioterápicos e, com isso, desenvolver uma maneira de aliviar este sofrimento.
A pesquisadora divide-se entre sorrisos, ao falar da premiação, e lágrimas ao ouvir os comentários de colegas e amigos. Seu interesse pela docência surgiu ainda na infância. A partir da graduação, começou a estudar doenças neurodegenerativas voltadas a dores e inflamações. A inspiração para a pesquisa que rendeu o reconhecimento partiu da percepção do envelhecimento da população aumentando a incidência de câncer em idosos. No entanto, ela ainda está em fase de estudos básicos, verificando os efeitos em tecidos de amostras biológicas das cobaias. Os resultados iniciais são animadores e, dependendo do aporte financeiro e da continuidade do projeto, o trabalho deverá durar mais, no mínimo, dez anos.
Desde o início, parceiras
Ethel faz sempre questão de celebrar o prêmio como uma conquista coletiva. E ninguém representa tão bem esta parceria quanto a professora Cristiane Luchese. Elas são colegas desde o início do laboratório e relembram o quanto o começo foi difícil, precisando até de investimentos do próprio bolso. E o crescimento veio em conjunto no decorrer destes cinco anos. Para Cristiane, a pesquisa da parceira é essencial para mostrar o impacto direto do trabalho feito dentro da universidade em uma parcela da sociedade.
Inspiração aos colegas
Para a coordenadora do programa, Márcia Foster Mesko, o perfil de trabalho, esforço e comprometimento de Ethel inspira todos ao seu redor. “O reflexo (do prêmio) é muito em função de quem ela é (…) todo mundo gostaria de ter um colega assim”, elogia. Márcia recebeu o mesmo prêmio em 2012 e garante: é um divisor de águas pela importância na carreira profissional, trazendo respeito e credibilidade.
Desde a graduação trabalhando no laboratório, a agora aluna de doutorado, Mikaela Pinz, aponta Ethel como uma grande inspiração para quem está começando. “É um incentivo muito grande ver a valorização da mulher na ciência. É um estímulo”, garante. O crescimento feminino também é comemorado por Ethel. Ela acredita ainda ser necessário obter representatividade em níveis mais altos de hierarquia nas instituições, além da luta contra preconceitos. Em seu laboratório, dos 14 alunos, 13 são mulheres. E a premiação vem para também ajudá-las na carreira. “Um prêmio como esse mostra para as meninas que a mulher realmente pode”, garante.
Um gás nas finanças
No dia 4 de janeiro Ethel estará no Rio de Janeiro para receber a honraria. Os R$ 50 mil, a serem investidos em um ano, estão próximos do valor necessário para manter o laboratório em funcionamento neste período. Naturalmente, equipamentos e outros investimentos possuem custos mais elevados. “O dinheiro vai ser utilizado para manter o laboratório”, revela. Com a constante preocupação de cortes na área da pesquisa, o ganho é mais do que bem-vindo, além de ser uma garantia de estar no caminho certo.
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